“Quando perdemos o direito de ser diferentes, perdemos o privilégio de ser livres.”

Essa frase foi dita por Charles Evans Hughes, ele era um advogado e político norte americano que nasceu em 1862, ou seja, a frase foi dita em contexto totalmente diferente, mas cabe muito bem aqui quando falamos de acessibilidade digital. Em uma matéria da revista Galileu de outubro de 2019, veja aqui, fala que na época só 1% dos sites eram acessíveis a todas as pessoas entre 24 milhões de portais da época – e provavelmente melhoramos bem pouco este cenário e, quando vamos para e-commerces, ainda pior.. Para termos a ideia de quão grave é, é só pensarmos em ter cem restaurantes e só ter como opção um único, porque só ele aceita você e está preparado para te receber! Difícil né?

Entendido! Vamos mudar? Acessibilidade Digital não é um bicho de sete cabeças e vou te contar! (Quase) Ninguém quer saber como implementar e todas as vezes que se ouve falar sobre isso, ouve que os projetos são caríssimos! Não deixa de ser verdade, mas vamos colocar aqui, uma forma fácil de você deixar seu site um pouco mais acessível, que tal? Um passo de cada vez.

Vamos começar logo com um propósito: porque você precisa ter um e-commerce acessível? De antemão te conto que além de incluir mais pessoas, ainda te ajuda em um outro montão de coisas:

O que eu ganho tendo um site acessível?

  • Fortalecimento de Marca. Convenhamos, acessibilidade é um assunto que cada vez mais ganha palco (Graças a Deus e aos militantes), então ter uma empresa (apesar de ser lei) que já se antecipa em questões como essa? Sensacional!
  • Melhoria de performance e UX, criando vantagem competitiva. Se só sua empresa se preocupa com o assunto de todos os seus concorrentes, você já sai na frente.
  • Um público novo! Estamos falando de mais de 45 milhões de pessoas, veja os números abaixo.
  • Fidelização, a nossa tão sonhada fidelização agora com um plus de experiência;
  • Maior visibilidade em buscadores como Google, Bing etc., Você sabia que se usar as melhores práticas de Acessibilidade Digital, automaticamente, você melhora em SEO?
  • Aumento de compatibilidade com todos os dispositivos, plataformas, sistemas e navegadores.

É lei! Assim como o LGPD, a LBI é uma lei. Entenda.

A Lei Brasileira da Inclusão foi sancionada em 2015 (Lei nº 13.146 – sancionada em 6 de julho de 2015) pela então presidente Dilma Rousseff. A lei tem como relatora a nossa atual senadora Mara Gabrilli, que se você não a conhece, pode acessar o site dela e conhecer um pouco mais. Além de uma política, ela tem formação em psicologia e também foi a primeira mulher com deficiência a posar nua. Por que essa informação é relevante? Porque simplesmente garantir que pessoas com deficiência tenham acesso a todos os aspectos da vida é além de necessário, primordial à sociedade.

Assim como LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) influenciou muito em 2019 em mudanças significativas de como encaramos nossos e-commerces, logo mais a LBI virá com força, afinal estamos falando de 45 milhões de brasileiros segundo o último CENSO de 2010, IBGE. E mais ou menos 1 bilhão de pessoas com deficiência no mundo, segundo dados da ONU (2011).

O que é a Lei Brasileira de Inclusão?

Entrou em vigor a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), também chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), que afirmou a autonomia e a capacidade desses cidadãos para exercerem atos da vida civil em condições de igualdade com as demais pessoas.

A LBI nada mais é que a lei que garante os direitos das pessoas com deficiência no Brasil e, que incluem a acessibilidade digital que prevê que os sites precisam estar preparados para todas as pessoas acessarem qualquer site dentro do território nacional.

Gráfico porcentagem da população por tipo e grau de dificuldade e deficiência - Brasil 2010

O que é Acessibilidade Digital?

Bom, aqui neste artigo, clique aqui,  publicado no E-commerce Brasil, falo um pouco mais sobre os conceitos da acessibilidade digital. E para entender mais sobre a LBI, você pode consultar mais aqui no link, que te leva a um arquivo em PDF, no site da Mara Gabrilli com uma cópia da LBI.

Para um site ser acessível, ele precisa seguir algumas premissas, que vamos listar, mas para que você já possa testar já, que tal?

Este é um dos sites: https://asesweb.governoeletronico.gov.br/

Ou então você pode indicar seu site e pedir para o Movimento Web Para Todos fazer uma breve análise. Segue o site: https://mwpt.com.br/. Eles indicarão as mudanças necessárias que você precisa fazer na sua plataforma.

Como deixar seu site mais acessível?

O propósito de uma ótima Experiência de Usuário (UX) é que ela seja igualmente utilizável para qualquer pessoa, considerando suas limitações físicas e cognitivas. Não tem nada mais organizado e fácil do que esse conteúdo: https://guia-wcag.com/. #dicadeouro

WCAG são diretrizes e recomendações organizadas e mantidas pelo W3C que fundamentam a construção de conteúdos digitais com qualidade e acessíveis a qualquer pessoa independentemente de sua deficiência e/ou habilidade.

Lá você tem 78 critérios que são classificados em três níveis: A, AA e AAA (que é o mais completo). Mas para facilitar, você precisa olhar três aspectos, mas vou citar um de cada que é bem simples e os mais dramáticos:

  • Usabilidade

O usuário sempre deve ter opções e formas diferentes para acessar ou localizar um determinado conteúdo.

Exemplo: um mesmo conteúdo pode ser acessado por um menu de navegação e também um campo de busca no site.

A ordem de leitura e a navegação pelos componentes em tela deve fazer sentido para o usuário. Nota: a ordem estrutural dos componentes visíveis em tela deve ser a mesma ao se reproduzir o conteúdo através de um leitor de telas.

  • Conteúdo

Componentes de interface (exemplo: botões) e imagens essenciais para o entendimento do conteúdo devem ter uma relação de contraste entre primeiro e segundo plano de ao menos 3:1.

Outro ponto importantíssimo e que muitas marcas erram: Não use “x”, “@” ou “E”, como exemplo: todxs, tod@s ou todes, para substituir marcadores de gênero em uma palavra. Prefira uma linguagem neutra, seguindo a norma padrão da língua portuguesa, mas evitando marcações de gênero desnecessárias. No caso de todos: todos e todas.

  • Imagem

Todo conteúdo “não textual” deve trazer uma alternativa em texto para identificar o conteúdo. Nota: a não ser que o conteúdo seja apenas decorativo ou represente uma das exceções descritas do critério completo (captcha e imagens de teste, inclusive).

 

Espero que todas as dicas tenham ajudado. Bóra, tornar o e-commerce mais inclusivo? Conto com você.