Estima-se que 60% a 70% das encomendas despachadas são calçados. Com base nestes dados, apenas nos Correios, por volta de 36 mil pares de sapatos saem do município todos os dias.

Com as restrições impostas pelo combate à covid-19, o comércio precisou, por muito tempo, fechar as portas e proibir a entrada de clientes no interior da loja. As vendas pela internet foram a saída encontrada por muitos empresários do setor calçadista em Franca.

Cortador, frentista e setor administrativo, Lucas Lespinasse Sousa, de 31 anos, atuou em diferentes funções antes de concentrar os esforços nas vendas on-line. Desde 2004 na indústria calçadista e 2012 no mercado digital, o francano vende em média 350 botas texanas por semana nas plataformas Mercado Livre, Magalu, Dafiti e Shopee.

Pai de dois filhos, Lucas consegue sua renda exclusivamente pela internet, além de pagar outros cinco funcionários para ajudar em todos os processos. “O contato com o cliente final aumenta a margem de lucro. A reciprocidade dos clientes é de forma direta. Temos controle sobre nossa produção. Riscos praticamente zero em calotes”, explica.

Devido à paralisação das atividades presenciais durante a pandemia, muitas pessoas perderam o medo da internet e fizeram suas compras pelas plataformas digitais. Katia Garcia Vieira, de 39 anos, aposta neste público. “Creio que o mercado vai crescer muito. As pessoas estão perdendo o medo de comprar pela internet.”

Acostumada com as salas de aula, a professora Katia chega a vender 700 pares – masculino, feminino e infantil – por semana, no Mercado Livre, Magalu, Netshoes e Dafiti. Casada e mãe de dois filhos, a moradora do Jardim Ângela Rosa trabalha há sete anos no mundo digital.

Abandonando as lojas físicas, inúmeras empresas investem exclusivamente no mercado digital. A CalçadoNet atende todo o país 100% on-line pelo site e demais plataformas de vendas – B2W, Amazon, Mercado Livre, Dafiti e Netshoes. Fundada em 2016, a empresa familiar comercializa tênis, sandálias, sapatos sociais, botas, entre outros modelos.

O proprietário Daniel Henrique Mathias, de 28 anos, projeto crescimento para os próximos meses. “A expectativa é excelente. A quantidade de pessoas que compram pela internet aumentou, devido à necessidade imposta pela pandemia. Acredito também que com a reabertura gradual teremos um aumento na demanda”, disse.

ComEcomm
De acordo com levantamento realizado pelo ComEcomm (Comitê de Líderes de E-Commerce), cerca de 60 mil pedidos/dia são enviados das agências do Correios de Franca. Estima-se que 60% a 70% das encomendas despachadas são calçados. Com base nestes dados, apenas nos Correios, por volta de 36 mil pares de sapatos saem do município todos os dias.

Segundo William Israel, presidente do ComEcomm, o mercado digital foi a forma encontrada por muitas pessoas de voltar ao mercado de trabalho. “Muitas pessoas se lançaram no empreendedorismo até por uma questão de necessidade, uma vez que perderam empregos devido às crises recentes e encontraram nas vendas online, uma alternativa não somente de sobrevivência, mas sobretudo de prosperidade”, explica.

William recomenda às pessoas que desejam iniciar neste tipo de comércio que busquem capacitação. “A dica é se capacitar como gestor, procure estar próximo de instituições como Sebrae, que apoiam os empreendedores na fase inicial do negócio, do ComEcomm que auxilia quem deseja entender mais sobre o universo online e de pessoas que já vêm obtendo êxito no setor.”

As vendas on-line movimentam outros setores econômicos da cidade, principalmente, a tecnologia e logística. “É impossível pensar em comércio eletrônico sem associarmos à tecnologia. Franca hoje possuí inúmeras empresas de tecnologia que prestam serviços para lojistas em todo Brasil. São plataformas de e-commerce, ERP, agências de marketing digital, dentre outros que empregam de forma direta milhares de colaboradores, muitos destes com altos valores salarias.”

Sindifranca
“Foi uma estratégia de ‘guerra’ adotada pela grande maioria dos empresários para compensar as perdas de vendas para o varejo, que estava fechado. Era inevitável esse crescimento e não há como negar que as restrições de funcionamento de lojas físicas aceleraram este processo”, disse José Carlos Brigagão, presidente do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca).

Ainda assim, segundo Brigagão, as vendas presenciais continuam respondendo pela maior parcela da arrecadação. “As vendas para o comércio tradicional ainda respondem pela maior parte do faturamento das indústrias.”

O Sindifranca e ComEcomm não possuem um balanço de quantas empresas/empresários realizam vendas de calçados pela internet atualmente.

Fonte: https://gcn.net.br/noticias/421815/franca/2021/07/comercio-on-line-impulsiona-industrias-de-calcados-em-franca